De A a Z, tudo se pode fazer DE OUTRA MANEIRA...
 

Como é que sabe que está em Portugal?

Quem não sente a inquietude do tempo actual, não sente o formigueiro da urgência, não sente Portugal?
Portugal, apanhado entre dois modelos de desenvolvimento, o da mão de obra barata e o do conhecimento, agoniza, sem rumo, asfixiado numa economia à escala planetária, digital, globalizada.
É urgente repensar Portugal, escasso e encravado em terra, central e grande no mar.
É preciso sonhar outra vez!

Como é que sabe que está em Portugal?

Pergunta lançada em Agosto de 2011

Acabava de aterrar na Portela, um aeroporto, uma porta de chegada ou de saída, uma ligação com o mundo…
Onde ficar? O guia de bolso indicava o albergue da juventude no Saldanha.
Sim um albergue da juventude como os outros do mundo… Mas não há mais vaga!
E agora? Uma pensão, e no dia seguinte, a busca de uma outra solução…
Então, vamos lá explorar essa terra…
Huuummm, os nomes são familiares mas o sotaque é estranho e requer leitura dos lábios para compreender.
Não demorou muito, e a solução para o local de ficar chegou em forma de quarto alugado. Bastante sóbrio e com apenas o necessário.
Fui recebido por uma senhora, cujas recomendações foram claras e rígidas, mas no fundo, eu sentia algum acolhimento…
O endereço? Rua “Maria”. O nome da senhora? D. “Joaquina”.
Ah! na casa da D. Joaquina e na Rua Maria! Estou em Portugal!
Foi em Fevereiro de 1996.
Jales Carvalho [08.02.15]


Sei que estou em Portugal quando reina a mediocridade e a inveja.
O nível é tão baixo que, quando alguém tem a veleidade de querer ser “diferente”, cortam-lhe logo as asas não vá ele ultrapassar os medíocres.
Sei que estou em Portugal quando quem trabalha é mal visto pelos que nada fazem, ou seja, pela maioria das pessoas que os rodeia, cuja filosofia para singrar na vida, é a do “chico esperto” que acredita piamente que, através da maledicência, da falsidade e da trafulhice, consegue ultrapassar os honestos e trabalhadores – que ele considera burros – sem trabalhar, desconhecendo o que é ser fiel, empático, simpático, solidário, amável e educado, tudo adjectivos que vão de tal forma caindo em desuso que, qualquer dia, desaparecem do dicionário.
Sei que estou em Portugal por o valor das pessoas se medir pelos bens materiais que têm, quer sejam roupa, carros ou casa, já não falando em iates, palácios e jóias.
Só esta apetência, sem quaisquer interesses intelectuais, poderia ter levado ao estado económico em que o País está. E o drama é que a mediocridade é pior do que a sarna. Já está a contaminar outros países, mesmo os que antigamente relevavam outros valores.
Em suma. Portugal no seu melhor!
Maria Soares Jurista [27.10.13]

Portugal
Portugal

Sinto que estou em Portugal porque a fúria e a ternura não me abandonam debaixo de um céu azul a enganar a miséria e angustia de um povo apoucado e humilhado. Resta – nos aguardar a revolta dos mansos.
Luisa Folques, Professora, Lisboa [23.12.12]


Eu sei que estou em Portugal porque:
Numa única rua encontro várias pastelarias e várias farmácias.
Pela amabilidade e cortesia que existe entre peões, e o ódio de morte entre automobilistas.
Pela cabeleira farta na cabeça e bigode de muitos homens e mulheres.
Pelos guarda-chuvas mortos e abandonados depois dum aguaceiro.
Pelos arraiais frenéticos do mês de junho e as ruas vazias do resto do ano.
Pelas vozes sussurrantes e os berros como uivos.
Porque às vezes um sítio pode, verdadeiramente, estar deserto.
Mercedes Vidal-Abarca, Lisboa [07.03.12]


Saio do aeroporto e sinto a simplicidade das pessoas e a sensação de estar em casa, de fazer parte, mesmo sendo brasileiro.
Filipi Lima, Florianópolis, Brasil [08.02.12]


Sei que estou em Portugal porque é um país pequeno:
Por onde ando,encontro alguém que não me é estranho…
Por onde ando, frequentemente,encontro alguém que conheço
Ou que conhece alguém que me conhece…
Cristina Rebocho Machado, Fisioterapeuta, Lisboa [13.01.12]

Portugal
Portugal
Portugal

Pelo silêncio.
Filipa Farraia, Artista Plástica, NYC [10.01.12]


Mal chego ao aeroporto o cheiro do cafezinho…
Do chauffeur do taxi a mesma resposta há 20 anos:”Vai tudo muito mal!”
Mas a mariscada é sempre a melhor.
Gunther Rigger, Médico, Áustria [02.01.12]


Terra de gente sensível, esperta, civilizada…mas talvez por isso um tanto madrassa.
José Luis Carneiro, Médico, USA [02.01.12]


Pela arquitectura tão característica da casa portuguesa. Porque petisco rissóis de camarão, pasteis de bacalhau e croquetes, pelo cheiro de sardinha assada no brazeiro da calçada se for Verão. E porque há tanta Beleza num espaço geográfico tão pequeno.
José de Sousa, Comerciante, Perth, Austrália. [22.11.11]

Portugal
Portugal
Portugal

Era o mês dos congressos em Portugal. Junho.
Após o jantar do congresso, um acústico português vai mostrar Lisboa aos colegas estrangeiros. A Ponte 25 de Abril, o Castelo de S. Jorge, uma ginginha aqui, um porto ali.
Por volta das 6 da madrugada era grande a animação.
E se esperássemos pelos pastéis de belém?
Vamos!
E já agora vamos ver a Torre de Belém.
O meu colega acústico estava mesmo muito animado e sugeriu:
Querem entrar? Vou bater à porta.
Todos sorriam enquanto ele batia à porta.
Mas…o sorriso deu lugar à surpresa.
Eis que alguém abre a porta…com olhar interrogativo.
Era a responsável da limpeza.
Bom dia minha senhora! Acha que podemos visitar?
E…
De madrugada, aquele grupo de 5 pessoas visitou incrédulo a Torre de Belém.
Onde poderíamos estar?
Em Portugal.
Odete Domingues, Engenheira, Lisboa [22.11.11]


Je suis déjà au Portugal, lorsque, à l’aéroport, au milieu d’une petite foule Portugais travaillant en Suisse, l’annonce d’un retard de l’arrivée de l’avion déclenche leurs commentaires furieux et déçus contre la TAP. “C’est toujours la même chose, rien n’a changé…” Et je pense tout bas “A force de travailler en Suisse, ils sont devenus pires que les Suisses…”
Je sais que je suis au Portugal à cause du vent. Il y a toujours du vent. Et parce que la mer est froide même quand il fait très très chaud.
Je le sais par les volubilis qui recouvrent les terrains vagues, qui envahissent les pentes et les falaises.
Je le sais par l’odeur du bacalahau, les panneaux publicitaires pour le Porto, l’architecture des palais, les azulejos en fresques ou en miettes. Quand je mange des lulas avec un grand vin rouge de l’Alentejo.
Et si les gens parlent un portugais rapide en mangeant toutes les voyelles et que je ne comprends rien, je suis certaine de ni au Brésil ni en Afrique. Je suis au Portugal.
Eliane Perrin, Genève, Suisse [16.11.11]

Portugal
Portugal

Sei que estou em Portugal da mesma maneira que os pombos sabem que chegaram a casa: é instinto.
São muitas décadas de mensagens subliminares prontamente identificadas, quer na luz do céu, no cheiro da terra, na brisa do mar, no quente da areia, ou na luxúria da doçaria conventual.
Às vezes gostava que o nosso ambiente não fosse tão bom e acolhedor; é por ser tão fácil e prazenteiro viver aqui que cedemos à tentação de não pensar no futuro, e em vez disso desperdiçamos o nosso tempo a chafurdar no passado ou a lamentar o presente. Porque podemos dar-nos a esse luxo. Infelizmente, não poderemos durante muito mais tempo.
Se eu encontrasse uma lâmpada mágica e um génio me concedesse um único desejo, pediria que se extinguissem os “mass media” em Portugal durante 5 ou 10 anos.
Talvez um blackout total desse “zeitgeist” tão potente e tão contínuo que nos tenta cegar e ensurdecer e embrutecer a mente e sincronizar os desejos fosse suficiente para voltarmos a descobrir quem somos nós, os Portugueses, e para onde realmente queremos ir, lado a lado, uns com os outros.
E o que temos de fazer, juntos, para lá chegar.
Felizmente há a internet, último reduto dos resistentes e primeira paragem do futuro.
Vasco Névoa, Engenheiro, Lisboa [16.11.11]


Pois se chegar a Portugal de avião aterro no centro da cidade de Lisboa , quase que parece nos jardins do Hospital Júlio de Matos , coitados , para quem já não está muito bem aquele ruído constante e ensurdecedor deve ser obra..
É tempo de tomar uma bica e apanhar um taxi . Nos 5 minutos seguintes até casa poderemos ouvir a frase que me contaram do taxista que dizia :” 40 anos calados e outros 37 que ninguem se cala ” .
No lar doce lar encontrar os Filhos o Roger , a sopinha da Cândida e uma frutinha com sabor único.
Chegar a Lisboa onde moro é sempre uma sensação de luz e vibração linda ,como esta cidade consegue ser .
Se chegar a Portugal de carro e entrar pela província logo se nota pela condução que os códigos são outros , aqui cada um interpreta e dita os limites.
A viagem mais longa até casa ,percorrendo este País pequeno mas tão variado permite indo lentamente entrando na nossa realidade.
Fico feliz e alguma nostalgia quando vejo algo que o faz único na sua história , gosto das gentes com que me cruzo , lugares fantásticos , interior ou litoral , e sobretudo ” sentir que se está em Portugal” é esta mistura e idiossincrasia de culturas enraizadas ao longo dos tempos neste espaço maravilhoso.
Lurdes Rosário, Médica Oftalmologista, Lisboa [16.11.11]

Portugal
Portugal
Portugal

Sei que estou em Portugal porque:
·Na maioria dos dias do ano, quando saio de casa a luz que existe é especial, verdadeira e alegre;
·Sinto-me capaz de compreender o outro através de atitudes e olhar;
·Quando saio à rua a beleza da paisagem é única estando em Lisboa, no Sobral do Campo ou na Praia do Amado;
·Sinto-me aconchegada na minha terra;
Em contrapartida, sei que estou em Portugal porque:
·Sinto dificuldade em inovar profissionalmente;
·Sinto dificuldade em apostar em novos desafios por falta de oportunidades;
·Sinto dificuldade em usufruir do meu país pelos baixos salários existem;
·Sinto dificuldade em procurar satisfazer-me profissionalmente devido à pouca credibilidade que dão às pessoas com menos experiência, ainda que tenham sensibilidade.
Em suma, viver em Portugal é uma mistura de situações, beleza, paz, comodismo, insegurança, boa gente, “à rasca”.
Mariana Raposo Rosário, Consultora Informática, Lisboa [14.11.11]


Where else would they put plastic flowers in the cemeteries?
Mitchel Seleznick, Médico, USA [14.11.11]


Sei que estou em Portugal porque o azul do céu é diferente de qualquer outro país e vemos sem abrigo em cada canto da rua. Porque levo uma hora de carro a ir trabalhar de Cascais para Lisboa mas com o mar ao meu lado. Porque brinco com os meus filhos na praia o ano inteiro e os noticiários abrem sempre com desgraças, acidentes e escândalos. Em que outro país é que há tamanhos contrastes?
Ana Gonçalves Pereira, Publicitária, Cascais [12.11.11]


Porque não estou e quando sintonizo os canais de tv portuguesa só vejo telenovelas, futebol e notícias de desgraças.
Mónica Portela [12.11.11]

Portugal
Portugal
Portugal

Porque ontem vi um espéctaculo, concerto intimista da Adriana Queiroz
e foi uma beleza, único!
Éramos poucos … mas bons!
… e pensei na vossa pergunta.
Realmente temos o ‘Quim” que merecemos!
Rita Vasconcellos, Arquitecta, Estoril [12.11.11]


Se aterrasse no aeroporto de Lisboa de olhos vendados sem saber onde estava, sentia logo que estava em Portugal. Sinto sempre uma estagnação total, não se passa nada, os anos vão passando e está tudo na mesma.
Rita Freudenthal, Cascais [03.11.11]


Sabemos que estamos em Portugal porque poucas pessoas se interessam pelo impacto que o seu trabalho tem no desenvolvimento do país!
Ana Cruz, Professora de Filosofia, Vila Nova de Poiares [01.11.11]


Sei que estou em Portugal quando vejo que os menus de todos os restaurantes, altos ou baixos, são todos iguais.
Pedro Leitão, Especialista em Azulejaria, NY [25.10.11]


Para quem vive fora de Portugal, por exemplo em Londres, aterrar em Lisboa é uma certeza. Sabe-se logo onde se está. Saio de Londres, uma cidade grande, cheia, com uma mistura enorme de gente, impessoal mas repleta de oportunidades e de espaço para ambições. Chego a Lisboa e chego a casa. Portugal em comparação é pequenino e simples, caseiro, conhecido, calmo, como costumo dizer, “cosy”. A certeza de estar em Portugal vem das pessoas que nos rodeiam, de sair à rua e ver sempre alguém conhecido, do cheiro e da comida, das paisagens que raramente se vêem noutros países da Europa, das praias e do verão. A sensação de estar em Portugal é única.
Alice Cardoso, Psicóloga, Londres [24.10.11]

Portugal
Portugal
Portugal

Quando ouço a voz do comandante: “Senhores passageiros, acabamos de aterrar no aeroporto da Portela. Queiram por favor conservar-se nos seus lugares e com os cintos apertados, até a abertura das portas. O comandante Rodrigues e a sua tripulação esperam em breve vê-los de novo a voar com a Tap Air Portugal”.
Ana Vidigal, Pintora, Lisboa [19.10.11]


Quando se diz “pá” em cada sete palavras . Quando a culpa é sempre dos outros . Quando se completam cursos ao domingo ou se prestam provas por fax ( com cartão de visita incorporado).
Carlos Santos, Advogado e Poeta, Setúbal [15.10.11]


Só em Portugal se junta na mesma frase “coitadinha, está tão feliz!”.
Vanda Oliveira, Dermatologista, Cascais [14.10.11]


Quando volto a Portugal
Como vais, está tudo bem?
Menos mal…
Tiveram saudades de mim? Já faz tempo.
Assim assim…
Alguma coisa de novo? Digam lá, em que ficamos?
Nada, nada, cá vamos…
Não me digas, tudo igual?
Já sabes como é Portugal…
Sei, sei, tudo brando.
Pois, vai-se andando…
Ana Zanatti, Actriz e Escritora, Cascais [13.10.11]


Quando as pessoas pedem desculpa depois de darem a sua opinião publicamente.
Quando os noticiários nacionais abrem com notícias sobre futebol.
Quando me cheira a sardinha assada.
Quando como figos da minha figueira.
Manuela Magno, Música e Professora Universitária, Évora [07.10.11]

Portugal
Portugal
Portugal

Quando se passeia pela Baixa de Lisboa em plena Época Natalícia e vê-se um ringue de gelo feito de plástico. Estando quase em Outubro e ainda está calor. Quando vou para a escola, o símbolo da escola é a torre de Belém, e lembro-me que é único no mundo. Quando olho pela janela e estão pessoas a comer na praceta e outras deitadas no chão. Eu sei que estou em Portugal porque não me lembro de ter comprado nenhum bilhete de avião ou autocarro para outro país. Eu sei que estou em Portugal porque olho para a tabuleta e está escrita em português e que lembro-me de Camões, Vasco da Gama e muitos outros heróis. Sei que estou em Portugal porque não sou burro.
João Freudenthal, 15 anos, estudante, Lisboa [05.10.11]


É pela ligeireza do ar e pelo tom do azul do céu. Sinto Portugal muito fragmentado e diferente entre os sítios em que costumo assentar arraiais. E também, os Portugueses do norte muito diferentes dos do sul, os do interior muito diferentes dos do litoral. É a suavidade com que o ar nos roça a pele, e aquele azul claro mas fundo do céu, com uma neblina (muito pouca) nas beiras do horizonte que me fazem sentir que cheguei a casa.
Helena Almeida, Médica, Lisboa [01.10.11]


Porque o símbolo da minha escola é a Torre de Belém.
Inês Freudenthal, 10 anos, estudante, Lisboa [29.09.11]


Quando saio à rua e sou confrontada com uma luz especial; quando preciso de resolver qualquer problema prático e sou confrontada com sistemas complexos ou imbecis, mas com jeito, flexibilidade, e boa vontade tudo se resolve; quando me cruzo com gente e/ou empresas incapazes de se organizarem nas rotinas mais básicas; quando me cruzo com gente e/ou empresas com a melhor organização do mundo; e finalmente, quando encontro algum conhecido na rua que à pergunta “como está?” responde com um desfiar de doenças e desgraças do mais íntimo que se possa imaginar.
Tudo somado: mesmo assim é bom!
Teresa Costa Cabral, Lisboa [29.09.11]

Só o nome “Portugal” desperta sentimentos patriotas que só quem tem raízes neste território sabe o que significam . Isto é ser Português e o território, demarcado há mais de 8 séculos, é onde me encontro. É a pontinha da Europa, virada para o Atlântico e de costas para a Europa. Sei que estou em Portugal porque sinto-me nessa pontinha da Europa que respira mais o mar que a terra.
Mafalda Duarte Silva, Psicóloga, Lisboa [29.09.11]


1. Porque vejo a Torre de Belém e os Jerónimos de minha casa e foi de lá que descobrimos o mundo.
2. Porque o Eusébio vive em Lisboa e me disse que foi aqui que jogou por Portugal.
Miguel Freudenthal, Director de Recursos Humanos e Procurement, Lisboa [ 29.09.11]


Porque me sinto em casa.
Vicente Sousa, 17 anos, estudante, Lisboa [28.09.11]


Sei que estou em Portugal quando chego a casa .
Vejo lixo nas ruas e bandeiras portuguesas desbotadas e rôtas a lembrar grandezas futebolísiticas passadas, oiço pessoas a dizerem «mais ou menos», «etc…», «até logo» ou «havemos de…» e outros a queixarem-se dos «outros portugueses». Mas depois vejo a luz de Lisboa e reconcilio-me imediatamente. E apetece-me dar sem receber nada em troca.
Irene Pimentel, Historiadora, Lisboa [27.09.11]

Gosto da ideia de Portugal.
Tenho um passado familiar importante em Portugal mas que alcanço só através da História. Não me chegou assim de uma forma directa..tipo caiu-me em cima da cabeça o peso da tradição (lembro-me do meu Avô Vasco da Gama, de toda uma plêiade de Noronhas que fizeram Portugal) mas tive que recomeçar o meu lugar em Portugal, por mais modesto que ele seja ou esteja a ser ou venha a ser.
Mas sim, gosto do meu País e irrita-me quando tenho razões para dizer mal e tenho várias e não são as habituais. Nem me apetece aqui louvar as costumeiras qualidades dos Portugueses nem de Portugal: outros já o disseram e basta.
Portugal é um país foleiro…do tipo da pessoa que quando em recato, ao nos aproximarmos de mansinho vislumbramos-lhe de perfil um sorriso alvar e de bonomia silenciosa, em permanência.
Porquê, co os raios? Está-se infeliz, tem-se uma vida de rafeiro, caminhamos para o abismo porque carga de água é que temos este riso alvar?
Canga, digo eu! Somos um país de canga, como dizia o meu Avô!
Dos espanhóis, dos estrangeiros, do vizinho, sempre a querer agradar sem que, e quando venha a propósito, mostremos que estamos carrancudos, soltemos um berro de indignação, corramos com o carrasco que nos oprime, sejamos brutos, duros e frios e chamemos as coisas pelos nomes.
Ladrão é ladrão e deve ir para a cadeia, corrupto é corrupto e deve para além de devolver do que se apropriou ilegítimamente, ir passar uns tempos ao xelindró, pobreza é pobreza e merece apoio directo, claro, sem vergonha disfarçada; desemprego é desemprego e traz aflição e perturbação à alma, ao espírito, ao estômago e causa infelicidade material, familiar, de harmonia entre as pessoas…
“Tout m’est bonheur”…qual quê! Como tudo pode ser bem-vindo e ser felicidade às colheres?
E é isto que me irrita neste povo a que pertenço e de que me orgulho temperadamente: não totalmente como toda a gente faz, sem fazer ressalvas.
Sim, nalgumas coisas tenho orgulho e até ao fim, noutras não: critico, digo mal, não concordo e pouco me importa se é Portugal!
Se nas nossas vidas devemos ser assim, como não no sítio que nos deu o berço?
Por isso, quando penso em partir, vou em busca do Eldorado, mesmo! Quero sossego, horizontes largos, dinheiro, cultura, um fim de vida merecido. Vou trabalhar no duro mas com a certeza de ser compensado. Cá, neste momento…impensável!
Quero poder comprar Cds, livros, viajar, experimentar novas culturas e gentes sem contar os tostões e isso por cá nos próximos dez anos não dá mesmo, e depois veremos se acontece!
Bem, voltando à pergunta inicial, infelizmente de momento pelas más razões.
Mas espero que um dia quando regressar sentimentalmente (porque fisicamente é um até já e não um adeus) me sinta tranquilo debaixo da sombra de um choupo e consiga encontrar a paz, a luz e o encanto de uma bonita tarde de Outono.
Mas tal como os filhos, não é obrigatório que os Pais biológicos sejam os melhores…quantas vezes não o são.
Em todo o caso, gosto da ideia de um Portugal desconhecido à procura do qual irei, pois o conhecido é um pesadelo.
Manuel de Noronha e Andrade, Advogado, Lisboa [7.09.11]

Olho pela janela das traseiras para o Aqueduto das Águas Livres, subo em direção à linha do sol que se põe entre os limites do rubro e do amarelo dourado, percorro a imensidão dos telhados e desdobro o olhar pelos quintalecos espalhados por bairros desconhecidos. São pequenos verdes desmaiados, nespereiras de folha escura, laranjeiras com ar de abandono e as inevitáveis couves portuguesas orgulhosamente mostradas às vizinhas. “Estas não levam produtos”. Os becos de acesso aos quintais são ínfimos, os pátios encurralados, os prédios amontoados, mas a couve portuguesa resiste no seu cantinho. Na sua teimosia, na sua simplicidade, na sua longevidade faz-me lembrar Portugal.
Iva Delgado, Historiadora, Lisboa [26.09.11]


Telegraficamente pelas seguintes razões:
1- Lado bom
a) Pelo Sol;
b)Pela hospitalidade do Povo Português;
c)Pela paisagem diversa;
d) Pela gastronomia;
e)Pela história;
f)Pelo espírito de solidariedade, com tendência a desaparecer…..

2-Lado mau
a) Pela inveja;
b)Pelo falar mal do vizinho;
c)Pelo desvalorizar do que é português;
d)Pela subserviência ao estrangeiro;
e)Pela Lei do desenrasca;
f)Pela falta de espírito crítico, nomeadamente construtivo;
g)Pelo sacudir dos ombros e deixa andar;
h)Pela “cunha” intituição nacional;
i)Pelo “a culpa é sempre dos outros”;
j)Pela esperteza saloia;
k)Pelo novo-riquismo;
l)Pela falta de cultura e educação, mudança de mentalidade, que o 25/4, com quem estou a 1000% não conseguiu, infelizmente, implementar mesmo junto dos jovens.
Sejamos contudo, sinceros, gosto de ser português e acredito na mudança, o que de mal está enraizado em nós é acompanhado pelo lado bom.
Basta que este lado bom, ultrapasse o mau, o que vai levar algumas gerações, para que eu, se cá estivesse, tivesse ainda mais orgulho no nosso País.
Raimundo Magalhães, Ancien do LFCL e Advogado, Lisboa [26.09.11]


Por, apesar de tudo, ainda se sonhar.
Filomena Marona Beja, Escritora, Sintra [25.09.11]

Eu não quero ouvir falar em política, nem vou comentar o momento actual que estamos atravessando.
Quase sempre vivi longe de Portugal, aprendi outros idiomas, outros costumes, tive outros ensinamentos, conheci outras culturas, e tive e tenho alguns amigos.
Conheci um português, que ainda por cima era Algarvio, em Londres, enamorei-me da sua maneira de ser. Picardia, sentido de humor, trabalhador, atrevido, honesto (vivi muitos anos na América do Sul…) gostava de estar acordado à noite e eu adormecia mal o sol se punha. Gostei de o ouvir falar português com palavrões e tudo (muitos nem sabia o que queriam dizer).
Um espírito vivo empreendedor, aventureiro. Nada de pessimismos, amanhã será sempre um novo dia.
O meu pai, que nasceu em França porque a mãe estava nesse país naquele momento, era de origem catalã e veio viver para Portugal aos 3 anos, mas partiu novamente com a família depois de eu nascer.
Sempre falou aos filhos da história de Portugal, dos valentes homens do mar, das suas conquistas por terras e mar fora, dos pescadores da Terra Nova na pesca do bacalhau. Dos costumes, da gente com mil saias de várias cores (7), muito ouro ao pescoço em forma de coração, da comida tão variada e saborosa, das ruas estreitas e do fado, recordando a influência árabe. Das casinhas pintadas de branco, dos pregões, das varinas com voz de bagaço. Do bom vinho, da azeitona, da cortiça. Do cheirinho a pão logo de manhã, do café lembrando outras terras, dos eléctricos com miúdos pendurados.
Sei que estou em Portugal porque as flores ainda cheiram a cravo, a rosa, a fruta sabe a fruta e não a qualquer coisa com sabor aguado. As pessoas de tez morena sorriem ao passar. Aprendi muitos provérbios, a ler em português e a apreciar a literatura portuguesa desde Camões, a Pessoa, Júlio Dinis, Sofia de Melo Breyner, até aos novos jornalistas e locutores de televisão…
Da luz deste maravilhoso sol que teima em alumiar todos os dias, desta Lisboa banhada pelo Tejo “Tajo” “Tagus” tão largo que nem um mar, desta costa tão recortada como uma renda do Minho ou da Madeira, deste mar tão azul cheio de peixes a saltar.
Levanto-me bem cedo todos os dias e dou graças a Deus e aos meus pais por estar viva, pela natureza que me rodeia e mais que nada, por sentir-me assim…plena e feliz.
Amo este PAÍS aonde nasci, não esquecendo outras paragens por onde vivi, sentindo saudade como antes sentia quando estava longe de aqui.
Montserrat Planas Almasqué, Amante da Vida, Albufeira [23.09.11]

Como sei que estou em Portugal?
pensei em enumerar mil e uma razões. aquelas que nos fazem dizer portugueses. objectivas. as que constam nos livros como um cardápio que nos anuncia um País. e nessa (in)capacidade que temos de gostarmos deste povo e destas terras, porque se não trata apenas de uma terra. e, ao pensar, restou aquilo a que ancoro os meus pensamentos. uma nostalgia imensa, que nos denuncia. e que não é de hoje. ainda que não seja memorável o tempo em que houve tal origem. uma nostalgia que vem desde o passado. e que se difere ainda hoje para o futuro. uma nostalgia aliada a uma ingénua crença optimista de que um dia o dia será melhor do que este e do que outro que já passou. e aliada ainda a essa crença uma capacidade muito imóvel de mover o mundo. como se a ordem natural das coisas fosse coisa de sonhos. um progresso. nunca uma tragédia. e a capacidade única, que só reconheço na nossa poesia, de pegar nas palavras e lhes dar uma sonoridade densa, única. e o desejo de partir. de partir deixando os pés ou as asas enraizadas. e dizer que não é aqui que se está bem. e depois voltar. voltar porque se entendeu que era no partir que estava o desejo. como estava no desejo de partir aonde se chegou. e depois então encher os pulmões deste ar a maresia, os olhos destas paisagens agrestes e lânguidas. e sentir: pertenço aqui.
Ana Gonçalves, Professora de Filosofia, Lisboa [23.09.11]


Sei que estou em Portugal quando me meto num táxi e sou obrigada a ouvir os palavrões do motorista.
Sei que estou em Portugal quando percebo que a inveja é o único motivo que faz agitar os raciocínios. A inveja é a grande ocupação do tempo dos medíocres, e são muitos…
Sei que estou em Portugal quando oiço falar os jovens à saída das escolas: sem vocabulário, sem modos, sem interesse nenhum.
Sei que estou em Portugal quando dou por mim a construir muros altos para não ver nada nem ninguém. Nem ouvir.
Sei que estou em Portugal quando vejo jovens com talentos a sair de Portugal.
Sei que estive em Portugal quando passei a fronteira.
E a paisagem, o cheiro a mar,a terra quente, a uvas pisadas, etc., etc., etc., há tudo isso, afinal, em milhares de lugares deste mundo!
Mónica Baldaque, Pintora, Porto [22.09.11]


Because I drive on the left side!
And the sky is bright blue, sunny, vivid colors…the atmosphere makes you feel so much better, happier!
Life is more haphazard but it makes it more exciting!
Portugal does not always know what it has.
Mary Wall, Human Resources, British, Cascais [22.09.11]

Fecho os olhos…
Ouço, mesmo ao meu lado o chapinhar do rio, a bater no muro onde me sento. Ao longe, o zumbido contínuo dos automóveis a passar a Ponte.
Os cheiros…a maré baixa traz-me uma série de cheiros conhecidos, relembrando-me finais de noite no Cais do Sodré;
Mas quando abro os olhos, sou invadida por um Pôr do Sol de cores que não há nos estojos dos meus filhos.
E não, não é madrugada – o dia está apenas a terminar.Um vendedor de castanhas aguarda o toque de saída, antes de rumar a outras paragens.
Vejo as crianças ao longe, a correrem para os autocarros. Aqui são sempre amarelos, e os eléctricos também.
Está na nossa hora. Nos próximos trinta minutos vamos ter que enfrentar todos os automobilistas que julgam que só eles têm pressa em chegar a casa, e direito exclusivo à faixa de rodagem, todos aqueles a quem ninguém ensinou a dar a vez, a dar passagem, a aguardar a sua vez.
– “Nós na escola fazemos um comboio, e às vezes não sou à frente, é à vez!” – Diz o mais pequenito, lá de trás.
Concordo com ele, procurando incentivá-lo a não imitar aquilo a que assiste.
Para o bem e para o mal, é assim que sei que estou em Lisboa.
Ana, Mãe de “O Flecha”, Gestora, Lisboa [22.09.11]


Eu sei que estou em Portugal, quando reconheço os pequenos pormenores do nosso dia a dia, que apelidamos de qualidade de vida…
É o Povo que pela sua vontade de agradar, humildemente, nos dedica o seu “tempo”.
Não conheço um País chamado “desenvolvido”, onde numa caixa de supermercado possamos pagar a nossa conta, buscando e revirando a carteira à procura de todos os trocos, contando e recontando as moedas, para ver se chega…, sem que a/o empregado de caixa nos olhe de lado, ou que a pessoa que nos segue não faça comentários… ainda nos agradecem!
Anselmo Vilardebó, Director Comercial, Paço de Arcos [22.09.11]


Sei que estou em Portugal por causa da língua, das pessoas, das ruas, das bandeiras presas nas janelas…
Michel, Bailarino e Músico, Lisboa [21.09.11]

Sei que estou em Portugal quando o sol brilha às 7 de manhã, quando vejo a Ponte sobre o Tejo iluminada, quando sinto o cheiro do mar, quando fico parada à hora de ponta (entre as 8h00 e as 18h00) e claro, quando como uma boa sopa….
Kimberley Pearl, Bailarina, Cascais [18.09.11]


I personally would not live in any country other than Portugal, as with all its faults, the people are thoughtful, kind and with a great sense of Humanity. Perhaps the reticence that sometime is felt is due to shyness, or even lack of confidence in being able to laugh at oneself. Which makes a great difference when you have to face the outside world.
Frances Stolberg, Escocesa, Cascais [16.09.11]


Sei que estou em Portugal porque vivo na capital que é Lisboa e porque as pessoas falam português.
Tiago, “O Flecha” – 9 anos, Lisboa [16.09.11]


Sei que estou em Portugal,
pela vibração da orquestração das cores.
Pelo sentir da presença de um velho perfil virado ao mar, guardando em si o Saber de Ver mais além.
Pela prática de um povo que silenciosamente guarda no coração, a força da solidariedade.
Pela utilização de uma língua que une sete países espalhados pelos continentes deste planeta.
E pelo sentir que aqui, a criatividade nasce e vive sorrindo, neste rectângulo ligado pelo mar a alguns salpicos de ilhas no atlântico.
Felippa Lobato, Pintora, Alentejo [14.09.11]


Sei que estou em Portugal pela luz (especialmente de Lisboa)
António Câmara, Professor Universitário, Lisboa [14.09.11]

Reconheço Portugal pelo Tejo: é inigualável!
Sei que estou em Portugal por ser aqui que tenho a família: é sempre o lugar de regresso (os almoços ou jantares intermináveis em família, só em Portugal!)
Sei que estou em Portugal pela comida: melhor ou pior que noutras geografias, a nossa é sempre distintiva!
Reconheço Portugal por alguns símbolos (edifícios históricos, por exemplo)
Isabel Viegas, Psicóloga/Directora Coordenadora de um Banco, Estoril [08.09.11]


Sei que estou em Portugal quando ouço “não sei, logo se vê…”
Graça Imaginário [08.09.11]


Sei que estou em Portugal quando sinto o cheiro do mar, do peixe, da maré baixa, do barulho dos carros na ponte, quando há nevoeiro, ou o som dos aviões, quando o vento está de norte, pelo calor dos respiradouros do metro, ou pelo cheiro a castanhas assadas.
A luz também é um indicador. Lisboa tem uma luz clara, forte, e nos dias de neblina é difusa!
Sei que estou em Lisboa quando tropeço nos buracos da calçada portuguesa!!
Nicole Sánchez, Arquitecta, Lisboa [08.09.11]


Eu sei que estou em Portugal quando como o melhor bacalhau do mundo.
Luiz Galvão, Empresário/ Licenciado em Direito, S. Paulo [07.09.11]


Eu sei que estou em Portugal quando vejo o céu de Lisboa … de um azul que não tem em mais nenhum lugar do mundo.
Teresa Galvão, Empresária/ Licenciada em Economia, S. Paulo [07.09.11]

Sabe-se sempre. Too good to be true…
Manuel Jordão, Advogado UNHCR, Jakarta [06.09.11]


Janeiro, Manhattan, as mãos escondem-se do frio nos bolsos do casaco, sinto o fruto de eucalipto na ponta dos dedos e levo-o ao nariz…o cheiro torna-se mais forte do que a presença da mega cidade coberta de neve, instantaneamente estou em Portugal.
Mas sei que cá estou porque é aqui que tenho vontade de mudar a educação, de diminuir o número de medicamentos que os doentes tomam, de imaginar as curvas da cidade despida de carros, de encharcar os automobilistas com calma, respeito e motivações maiores do que a de ultrapassar o outro…e é daqui, gozando de uma geografia privilegiada, que desejo pertencer ao Mundo, votar com ele, sonhar com ele um melhor Futuro.
Minnie Freudenthal, Médica, Lisboa [02.09.1]


Quando estou sobre as falésias da nossa costa, vejo o horizonte assustador e o mar imenso, como se o mundo acabasse ali.
Ryan Melo, estudante de Medicina, Lisboa [02.09.11]

Mas ainda há Portugal?
Álvaro de Campos, Engenheiro Reformado, Lisboa [01.09.11]


Quando vejo escrito SFF.
Quando sinto o vento forte e frio, a nortada.
E quando escuto gritando na praia “bola de berlim”.
Ligia Marino, Fisioterapeuta, Lisboa [01.09.11]

Nasci, cresci e vivi sempre em Portugal. Portugal é como se fosse a minha pele ou o meu corpo, com que também nasci, cresci e vivi. Por isso não o sinto, nem o estranho; confundo-me com ele. Tem coisas boas e más. Umas não existem sem as outras.
As boas são mesmo muito boas: a luz de Lisboa, o azul escuro do céu ao fim da tarde, o por do sol na Praia Grande, o verde esmeralda das ondas do Atlântico, as cores do Alentejo no Outono, o mar de nuvens no Caramulo, os azulejos nas fachadas, o Tejo sempre à espreita, a imperial com tremoços, o marisco, o peixe grelhado, etc., etc., e claro, os amigos.
As más também são mesmo muito más: o provincianismo, o novo-riquismo, o atavismo, a corrupção, a falta de rigor e de pontualidade, a falta de civismo, a sinalética absurda das estradas, a “música” aos altos berros, a burocracia, etc., etc.,
Por isso sei que estou em Portugal, quando ando horas perdida à procura de um sítio que afinal era para o lado oposto do que estava assinalado; quando, numa tasca à beira mar, me servem umas inesquecíveis amêijoas à Bulhão Pato acompanhadas por umas imperiais bem geladas, e fico naquela conversa mole com os amigos, até ao último raio de sol no horizonte; quando sou obrigada a andar por passeios onde alternam os carros estacionados, os buracos deixados abertos pelos serviços municipais e os inúmeros dejectos de canídeos com donos mal educados; quando me dão informações completamente diferentes sobre o mesmo assunto em várias repartições públicas; quando agendam uma reunião para as 14h e aparecem às 16h com o ar mais natural do mundo; quando entro numa loja de um centro comercial e a menina do balcão, sem nunca me ter visto, me pede para tomar conta da loja enquanto vai fazer chichi; quando ando na rua, descontraída, sem o pavor constante de ser assaltada; quando a lua cheia reflectida na Lagoa do Fogo me corta respiração; quando etc., etc., etc…
Em suma, sei que estou em Portugal, porque todos os dias o imprevisto pode acontecer. Portugal é um happening permanente.
É por isso que daqui não saio, daqui ninguém me tira. Olaré.
Isabel Almasqué, Médica, Lisboa [31.08.11]


Quando estou “lá”, quero estar “cá”…os cheiros, a paisagem as cores!
E as pessoas também…
Graça Guedes, Administrativa, Aveiro [29.08.11]


Pergunta interessante ! Após ter vivido vários anos na Alemanha onde, de facto, a “eficiência” é muito valorizada e cultivada, sei que estou em Portugal, quando um empregado de um qualquer balcão, de quem esperaria alguma prontidão, se perde em conversas com alguém e “faz o favor” de me servir. A falta de brio profissional, de rigor e seriedade é o que mais me choca e entristece em relação ao país.
Catarina Castro, Bolseira de Investigação/Doutoranda, Lisboa [25.08.11]

Sinto-me apaziguada.
Posso descansar da curiosidade constante por acontecimentos extraordinários, por pessoas invulgares, por paisagens desconhecidas; e pelos espectáculos, pelos tesouros catalogados, pelos palácios, pelos parques, pelas grutas… Posso repousar da surpresa e do mistério em que vivi nos últimos tempos, alvoroçada e contente também por aquele quase nada que num certo momento me tocou.
Fascinada pela beleza do que presenciei… estou, mas passada a fronteira, sinto-me como quando se regressa ao lar onde os familiares nos esperam, os que falam a mesma língua, foram criados em hábitos idênticos e nos mesmos lugares, instruídos em análogas escolas e em tradições semelhantes. Por isso, me podem compreender melhor, é isso que eu espero, que me compreendam melhor. Se sou radicalmente insegura, sinto-me aqui aconchegada – talvez tenhamos um destino comum.
Assim sei que estou em Portugal.
Não sei se o que encontrei era o que esperava ter encontrado lá fora. Mas aqui… o que quero não é deparar com aquilo que, muito possivelmente, me foi dado e que os outros também têm. Refiro-me às paisagens, ao cheiro dos campos e do mar, às estrelas brilhantes no céu tão azul e ao sol dourado a enfiar-se no mar espelhado ao fim do dia.
O que quero encontrar é um país organizado e planeado para ser como os “europeus”, a Alemanha, a Inglaterra, a França… esses?
Se é isso que pretendo e não tenho, devo organizar-me, planear e trabalhar nesse sentido, como eles (os europeus) fazem desde há séculos. Faremos (e passo a nós…) como eles, faremos com eles.
Mas se não é e se queremos ser como os africanos ou como os asiáticos – chineses e japoneses – antes de copiarem afanosamente os europeus e elegerem o progresso económico como o único fim em vista, não devemos fazer nada disso.
Teremos de inventar um país novo e sedutor para viver. E somos capazes de fazê-lo, já que não nos faltam nem conhecimentos nem sentimentos – nas nossas viagens ao Oriente dos séculos XV e XVI, antes de mais ninguém, aprendemos e ensinámos, e ficámos a conhecer e a apreciar esse mundo e as suas gentes. Talvez seja ou tenha sido uma vocação, um desejo, uma coragem, uma inspiração, uma necessidade…
Observámos o que vimos e registámos, trouxemos a informação. Sentimos a proximidade, sofremos a influência. E transportámos mercadorias. Negociámos. Regressámos felizes e contentes. E mais sábios. E mais ricos de muitas riquezas e abundâncias.
A verdade é que nunca fomos inteiramente ocidentais, tentamos ser como eles e não resultou. Por vezes, queremos as suas regalias, mas nunca os seus esforços. Apesar de vivermos no extremo ocidental do Ocidente, nunca gostamos de actuar como os nossos vizinhos europeus, pensando, planeando com rigor, rodeando-se de colaboradores verdadeiramente adequados e trabalhando asperamente. Mas também nunca fomos orientais; eles não vivem ou não viviam exclusivamente para o progresso económico, alicerçado no conhecimento da ciência em geral e na hegemonia política.
Somos um produto híbrido e ainda sem nome que temos de aceitar e refinar. Não queremos e não podemos sair da Europa (que sempre me lembro de conhecer condenada), mas onde ainda restam uns restos de humanismo, apesar do crescimento económico que tem já o consumo como base do sistema cultural, da competitividade sem limite e da desenfreada política de interesses individuais e egoístas e, por conseguinte, da hipocrisia feroz, etc.
Vamos procurar realizar aqui o que fazemos melhor do que ocidentais e do que orientais.
Aquilo que fazemos melhor é… o futebol. Sabemos jogar e negociar. Pergunto-me por quê? Primeiro é um jogo (brincadeira), não é para levar inteiramente a sério. Aí, interessamo-nos, empenhamo-nos. Estamos seguros do nosso valor, sabemos o que queremos. Delineamos e trabalhamos com afinco e com inteligência para conseguir os objectivos. Não nos perdemos pelo caminho, não nos distraímos: fazemos tudo bem. E se fizermos mal, não tem muita importância – é apenas um jogo, teremos pensado.
O que fazemos pior é… a educação. Não sabemos como educar, perdemos os propósitos, não temos uma direcção segura, somos demasiado benevolentes, ou não sabemos como fazer-nos obedecer sem rudeza como seria nosso desejo. Teremos esquecido a ideia justa de justiça – isto é o pior que pode acontecer com a educação.
A televisão que é um meio privilegiado de educação tornou-se por de mais perniciosa: vulgariza as aberrações, os maus instintos, a violência, a desordem, o desrespeito, a baixa política, o absurdo, a falta de bons princípios que são de moral… e apresenta o que é mau (em relação a uma finalidade que beneficie todos), apresenta-o a uma luz benéfica que estimula a aceitação, a adopção entusiástica sobretudo pelos mais jovens.
A educação é evidentemente fundamental. Educa-se em ordem a um alvo futuro. Então devemos decidir em primeiro lugar o que queremos ser no futuro. Teremos procurado analisar-nos para nos conhecermos, para sabermos qual a nossa personalidade como povo. Que temperamento, que constituição, e que marcas foram deixadas em nós pela nossa história e tradição.
Como a personalidade se constrói, é importante termos uma imagem correcta de nós próprios, Portugueses, para podermos evoluir no sentido que nos importa. Segundo o dicionário, “a personalidade é o nosso ser global: inclui o consciente e o inconsciente na sua relação com o mundo exterior”. Vamos presumir que isto se pode aplicar a um povo.
É certo que circunstâncias de vária ordem deixaram muitas marcas na nossa história e na nossa personalidade. Vê-se como somos diferentes quer dos ocidentais quer dos orientais com quem durante séculos convivemos. Talvez pudéssemos ter aproveitado o melhor de uns e de outros. Agora que quase tudo o que tentámos utilizar do mundo ocidental a que demos preferência caiu por terra, é ocasião de decidir.
O futebol é paradigmático, jogo e negócio, apesar de poder ser um produto acabado da sociedade de consumo e de abundância. Poderá ser revelador de grandes capacidades que suavizarão as más consequências do complexo processo de consumo?
E, claro, podemos voltar-nos para o mar como noutros tempos e pensar nas inúmeras actividades com ele relacionadas em vez de ficarmos placidamente a olhar para ele com nostalgia e saudade.
Podemos observar e aproveitar outros exemplos ou inventá-los como o vira-do-Minho excelentemente dançado num estádio monumental para milhares de pessoas em êxtase… Os génios, então revelados aos olhos de todos, serão vendidos para comprar outros (e outras coisas decerto) que dentro de algum tempo se tornarão os melhores “ dançadores” graças ao treino adequado, a óptimas circunstâncias e a regulamentos bem pensados. Os dançadores terão entrado na lógica da mercadoria, serão heróis do consumo, “manipulados em termos de lucro” como qualquer outra mercadoria sem alma. E como os futebolistas e os seus dirigentes e donos. É isso que nos importa?
Não estaremos a pensar em esquemas absolutamente rígidos nem em ditaduras tirânicas. Não estamos a pensar em valores absolutos nenhuns. Deixaremos muito espaço para a imaginação. Os Portugueses gostam de improvisar e costumam ser bons nisso, mas é aí que é preciso estabelecer limites. O improviso por vezes transforma qualquer coisa que é pouco estudada numa coisa, pelo menos, desconsolada.
Com esta prudência, decidiremos o que queremos ser no futuro, tendo em conta, para inventar o futuro, as boas qualidades de que demos prova, depois de observados vários casos e consideradas diferentes hipóteses, eliminando o que está mal e não nos serve para esse que será o objectivo que nos propusemos.
Proponho: sonhar e realizar, isto é, sonhar e planear, trabalhar com inteligência, com prudência, com regras, com o que de bom e aproveitável tivermos. Sempre com os olhos no objectivo definido.
Não é o que fazem os portugueses que se distinguem lá fora?
Sintetizando:
1º – Devemos conhecer-nos e entender-nos.
2º – Devemos traçar o nosso esquema de vida em ordem ao objectivo.
3º – E, finalmente, num mundo à nossa medida, trabalharemos com intenção, inteligência e imaginação para atingir o nosso objectivo.
Aqui apetece-me recomendar bem alto: E “AMAI-VOS UNS AOS OUTROS!”.
(Falo bem alto para eu própria ouvir porque sem isto nada daquilo tem sentido. Quero dizer que talvez devamos dar mais valor às relações e aos afectos que às coisas).
Zilda Cardoso, Escritora, Porto [25.08.11]

Não é bem “saber que estou em Portugal”; é mais “sentir” que estou em Portugal. E sinto que estou em Portugal quando venho “de fora” e me sinto em casa. ( É a luz, é o aldeismo mesmo na cidade, é o peixe , é a grelha, o vinho branco, é sentir que o mar está ali ao lado. É pau, é pedra, é o fim do caminho. É o à-vontade da pertença, mesmo com tudo o que há de difícil ).
Conceição Gomes da Silva, Criativa em Publicidade, Lisboa [25.08.11]


Cheguei agora de fora…e chegando de fora sinto que estou em Portugal quando me sinto DENTRO…isto é onde melhor comunico, onde estou em casa.
Ana Marchand, Pintora, Montemor-o-Novo [19.08.11]


I know I am in Portugal because there is nowhere else I would like to be…
A display of nature’s beneficence and manmade structures, a light
that creates shadows as clear and distinct as statues.
Being a hybrid from the Subcontinent I naturally find cultural echoes in Portugal .
Perhaps because of its geographic and climatic setting, unlike the Subcontinent which is fraught with devastating rains and a caste system, the idyllic position of Portugal is conducive to a self centred and blinkered comfort zone. I think the inhabitants of this country have been affected by their historical past. Change is not an outside reality but an inner revolution and this has not yet filtered into their consciousness.
The interesting and positive characteristics manifested in daily life are the functioning public services, cleanliness, aesthetics and culture galore.
Dinky Salzborn, Cascais [18.08.11]


Sei que estou em Portugal quando vejo na televisão respostas longas e emaranhadas a perguntas simples e directas.
E vice-versa…
A. Nalfabeto, Professor, Braga [18.08.11]

Como sei que estou em Portugal? Dou por isso assim que me chamam por um título honorífico a que não estou habituado: para uns sou um Sr. Engenheiro, para outros o Sr. Doutor e para os mais confusos o Sr. Doutor Engenheiro. Progredir pela via académica traz o previlégio de adicionar estes títulos a um nome já longo. Sei que estou em Portugal porque não sei se estes títulos são substantivos (ainda que genéricos) ou adjectivos: não sei se são supostos descrever a minha natureza, ou se me são apostos como uma qualidade que devo possuir. Mas este tratamento traz-me à mente uma medida relativamente simples: o coeficiente de Gini.
Claro que o coeficiente de Gini está bem explicado na Wikipedia, o que nos permite evitar aqui os pormenores, mas a descição mais simples é que – em termos de Economia – o coeficiente mede a desigualdade de destribuição de riqueza; países com um coeficiente alto têm uma grande desigualdade de distribuição de riqueza enquanto que países com maior igualdade têm um baixo coeficiente. Portugal tem um coeficiente de 38%, entalado na lista de países entre a Jamaica e a Jordânia. A Dinamarca, a Suécia, o Japão, a República Checa e a Noruega encabeçam a lista. O Paquistão, o Kirguizistão e a Mongólia aparecem com um coeficiente de 30% o que não é de espantar dado que em grande pobreza não há muito que distribuir; mas ter Portugal tão baixo na lista é um bocado chocante: a Espanha passa-nos na escala e a Grécia também, só o Reino Unido nos acompanha, verificando assim que não estamos inteiramente sós na Europa.
Mas quando estou em Portugal, sei que aí estou porque me atribuem títulos honoríficos e não porque observe a pobreza institucionalizada do Subcontinente Indiano, não há lordes a passear em Rols Royce, nem palácios e propriedades privadas que demoram mais de um dia a cruzar de ponta a ponta. Como é possível haver menos igualdade de riqueza em Portugal do que numa Espanha em que alguns membros da nobreza dão frequentemente entrada na lista dos mais ricos do Mundo? Esta perplexidade só me afecta em Portugal.
Sei que estou em Portugal porque os números me descrevem uma desigualdade que não consigo ver, que esta desigualdade é um dos barómetros de uma Economia enferma. Mas em Portugal sinto-me rico, em Portugal tenho raízes e títulos, sei que estou em Portugal quando isso me faz sentir rico.
Adelino Almeida, Engenheiro, USA [15.08.11]


É um bocado difícil responder a esta questão dado que Portugal é a minha casa.
Seria o mesmo que perguntar como é que se sabe que se está na minha casa.
Explico.
A casa é um espaço distinto de todos os outros porque me pertence e eu pertenço-lhe. Posso ir para outros lados, estar, viver noutros sítios, mas é sempre como se estivesse num hotel, são locais emprestados.
Os estrangeiros gostam deste “sítio emprestado” e poderão explicar porquê.
Para mim, como é a minha casa?
Às vezes chove cá dentro, há rachas nas paredes, o tecto ameaça ruir, o lava-loiças entope dia sim dia não, rebentam canos na casa de banho. É preciso fazer obras, muitas obras, refazer a casa toda… mas não há dinheiro.
É isto que todos dizem: não há dinheiro, que sina a nossa sermos pobres.
E também dizem que, por sermos pobres, os mestres-de-obras que contratámos são obrigatoriamente patos-bravos rascas porque, é isso mesmo, nada mais se consegue tão barato – os mestres-de-obras até aqui só fizeram porcaria e agravaram os problemas em vez de os resolver. Os bons, os engenheiros e arquitectos, que transformariam a casa num palácio, esses custam uma fortuna!
Há falta de dinheiro, sim, mas sobretudo há falta de miolos.
E se a gente pensasse em tratar da nossa casa? Porque a deixámos chegar a este estado?
Vamos arregaçar as mangas e começar a tratar das canalizações e do telhado.
Que sorte termos uma casa!
Há os sem-abrigo.
Luísa Beltrão, Professora de Filosofia, Escritora, Lisboa [12.08.11]


Quando entra aquele bafo de calor pelas narinas, os aromas de uma tarde de Verão…..
o tomilho, o alecrim, a alfazema e o jasmim à noitinha….Sei que estou no Algarve!
Fernando Lobo, Gráfico, Amesterdão [10.08.11]


Sei que estou em Portugal …quando oiço qualquer pessoa dar opiniões sobre qualquer assunto ( do acidente do Angélico à Física Quântica ) com a assertividade que só uma enorme ignorância permite.
…Quando me explicam como é que a equipa deveria ter jogado (só o treinador – profissional e bem pago – é que não vê)
…Quando chegam atrasados a um encontro e acham normal
…Quando parecer que se é bom em qualquer coisa chega e sobra
…Quando as palavras trabalho , disciplina, dever ,ordem, limpeza, respeito causam horror (o fascismo já acabou, explicaram-me uma vêz)
…Quando, por mais zapping que faça, encontro sempre os locutores a interromperem os entrevistados e estes nunca se levantam e os deixam a falar sózinhos
…Quando muitos pensam que a elite é o “jet set” (o nosso “jet set” é importante porque aparece na televisão, e porque aparece na televisão é importante)
…Quando a verdadeira elite não tem (em geral) tempo de antena , e portanto o país não beneficia nada em ter gente pensante que não comunica com ele
…Quando aqui pode acontecer tudo, mas absolutamente tudo, excepto uma coisa : que um caso qualquer aconteça como deve ser, com todas as normas cumpridas ,dentro dos prazos, etc
…Sei que estou em Portugal quando vejo o Tejo e a luz de Lisboa, a provincia ainda pura e despoluida, leio Pessoa, Camões ou oiço o “Movimento Perpétuo” de Carlos Paredes
João Luís Videira, Licenciado em Medicina Tradicional Chinesa, Lisboa [10.08.11]


Sei que estou em Portugal pela frequência com que ouço dizer “mais ou menos”, ou um dos seus equivalentes.
José Miguel Pereira, Professor Universitário, Lisboa [09.08.11]


Sei que estou em Portugal porque vejo um mar imenso de oportunidades no nosso horizonte colectivo, e tenho a certeza que nós Portugueses nos saberemos reinventar, como sempre o fizemos , nos piores momentos da nossa história. Sei que estou em Portugal porque sinto nas pessoas 9 séculos de uma cultura Atlântica que nos fez descobrir novos mundos e que moldou as nossas mentes e corações e que por isso nos tornou únicos neste Mundo cada vez mais globalizado. Sei que estou em Portugal porque o Mundo de hoje, a globalização, arrancou com um ideal propulsionado por D. João II, Infante D. Henrique, Vasco da Gama e muitos outros. Finalmente, sei que estou em Portugal porque somos um povo corajoso, que não odeia nenhum outro povo, que inclui e aceita as diferenças e por isso somos super adaptáveis qualquer que venha a ser o Mundo de amanhã.
Henrique Melo, Capitão-de-Mar-e-Guerra, Lisboa [9.08.11]

Sem ter que pensar, sei que estou em Portugal pelas sardinhas que comi ontem.
Mas pensando…é a língua que nos une
o pensamento aflito
a certeza que a felicidade acaba
e como lembra Eduardo Lourenço: a complexidade da nossa História.
Manuel Tainha, Arquitecto, Lisboa [09.08.11]


Sei que estou em Portugal quando não tenho saudades deste meu país bonito plantado à beira mar… e das suas gentes, do seu povo hospitaleiro e simultaneamente aventureiro, com a sua criatividade muito própria…
Artur Arsénio, Professor Universitário, Lisboa [08.08.11]


Sei que estou em Portugal quando acordo com a estrela da manhã, semicerro os olhos com o brilho do mar, como uma sardinha assada e cheira a alecrim, me esqueço de respirar com um pôr do sol, oiço um fado e “até amanhã se Deus quiser”, adormeço a ver a ursa maior e sonho com outro País…
Carla Carvalho, Arquitecta, Lisboa [06.08.11


Pela maneira selvagem, egoísta/egocentrada e irresponsável como se conduz nas estradas e como andam os peões. É urgente mudar a mentalidade e a educação!
Joana Freudenthal, Educadora Infantil, Lisboa [05.08.11]


Pelo sentimento de pertença a um território de geometria variável : das margens africanas do Índico ocidental , lugar de infância, aos limites das terras de Basto, espaço da memória ancestral, marca da nossa marginalidade europeia. Reconfortante a vivência deste imenso espaço de liberdade, o quotidiano lisboeta de janelas abertas ao Tejo.
Joana Pereira Leite, Professora de Economia, Lisboa [05.08.11]

A luz do sol aqui tem um brilho mais brilhante
No mesmo país tenho um pouco de tudo: África em miniatura no Alentejo, país de fadas em Sintra. Ainda se consegue encontrar praias onde ninguém está, há praias para todos os gostos, com ondas, sem ondas, com pedras, com areais, com falésia, sem falésia, com cafés e música, só com natureza, abertas até perder a vista, com rochas para nos escondermos, para velhotes que querem pôr lama com iodo nas pernas e costas, para jovens de biquini…e jovens e menos jovens sem nada…….
Homem de branco: “Oláaaaaaaaa gelados”
Tremoços
Rebeldia contra a lei : “em mim ninguém manda”
Graffiti
Eléctricos amarelos
Calçada
Via verde
Ordenados milionários e gente a dormir na rua.
Carol Melo, Psicóloga, Lisboa [5.08.11]

Basta ver o horizonte, olhar para o sol, conviver com as nossas gentes! E depois…enxugar as lágrimas, abrir um grande sorriso e deixar a alma sonhar e alimentar Portugal.
Maria Jordans, Equitadora, Lisboa [04.08.11]


Quando estou à beira-mar, sei que estou em Portugal.
Quando vejo couves plantadas nos canteiros das estações de comboios, também sei que estou em Portugal.
Cristina Gonçalves, Professora, Lisboa [04.08.11]


Sei que estou em Portugal quando sinto o cheiro a maçãs, a castanhas assadas, a fruta madura, quando desfruto a luz deste céu, quando a lua é mentirosa, quando posso andar a pé pela cidade sem medo, quando no avião batem palmas à chegada, quando me dizem bem-vinda e “vai ver que vai gostar” e quando, finalmente, me sinto em casa – aí não tenho dúvidas que estou em Portugal.
Cândida Pires, Arqitecta, Lisboa [03.08.11

Sabemos que estamos em Portugal quando julgamos que estamos na Europa….
Barbara K. Escritora, Lagos [03.08.11]

Claras casas
luz branca rasa
dourada
olhos vivos afáveis
hesitantes velados
auto-estradas
BIs NIFs identificação
papel comprovação papel
fechado
intervalo sagrado
bom almoço melhor jantar
e mar mar mar…
Ana Hudson, Tradutora, Londres [3.08.11]


Quando acordo de manhã com as mesmas notícias da intriga e da mesquinha pequenez que é tão nossa!
Ah, demos férias ao livre pensamento, voemos um pouco acima do quotidiano que nos impingem, se possível!
Yvette Centeno, Professora Universitária, Escritora, Lisboa [02.08.11]


Quando entramos por Lisboa pela Ponte sobre o Tejo e avistamos a beleza que é a nossa cidade…
Sofia Freudenthal, Psicóloga, Lisboa [02.08.11]

Mal passo a fronteira, a luz muda e o cheiro é diferente
Michel Waldman, Fotógrafo, Lisboa [01.08.11]

Fotos de Minnie Freudenthal e Manuel Rosário

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