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O Palácio de Estói

Situado no barrocal algarvio, a cerca de 10Km da cidade de Olhão, o Palácio de Estói, rodeado por jardins e pomares de citrinos, ocupa os terrenos de uma velha quinta do séc. XVIII, fundada por Fernando José de Seabra Neto. Instalado no local da antiga residência senhorial, o palacete só começou a ser construído em meados do séc. XIX, por iniciativa do seu filho mais velho, Francisco José Maria de Brito Pereira e Vasconcelos. No entanto, após a morte do último herdeiro, ficou ao abandono, tendo sido comprado por José Francisco da Silva, abastado proprietário alentejano e boticário em Beja, que reiniciou a construção. Foi finalmente inaugurado em Maio de 1909, com grande pompa e circunstância. A partir de 1926, ano da morte de José Francisco da Silva, passou por vários proprietários que o deixaram progressivamente degradar, tal como aos jardins circundantes. Apesar de ter sido classificado como Imóvel de Interesse Público em 1977, as obras de recuperação só se iniciaram na década de 1980, quando foi adquirido pelo Município de Faro, tendo sido posteriormente adaptado a Pousada. Actualmente é um dos Small Luxury Hotels of the World, do Grupo Pestana.

O Palácio distingue-se pela sua arquitectura ecléctica, onde predomina o estilo barroco italiano embora se observem múltiplos elementos neoclássicos, neo-rococó ou Arte Nova. Os diferentes estilos decorativos do interior são reflexo das várias alterações a que foi sujeito ao longo do tempo. Nos tectos pintados à mão dos salões principais, decorados em estilo Luis XV, reconhecem-se as assinaturas de Maria Beretta, Adolfo Greno e José Maria Pereira Júnior.

Os jardins, desenvolvem-se em vários níveis e para além de grande profusão de plantas exóticas e de um grande lago, são profusamente decorados com esculturas, fontes, vasos em pedestais e painéis de azulejo em estilo neo-rocócó e Arte Nova, com os típicos motivos alusivos à Natureza e à figura feminina. Alguns destes painéis estão datados e assinados por José Maria Pereira Júnior e por José António Jorge Pinto, conhecido pintor de azulejaria Arte Nova, por vezes com referência à fábrica onde foram produzidos.

Depois da visita ao Palácio e de um momento de pausa nos seus deslumbrantes jardins, aproveite para dar um pulo até às Ruínas Romanas de Milreu, a cinco minutos de distância, que albergam os vestígios de um acampamento agrícola do séc. I DC e de uma luxuosa vila dos séc. II e III.

Isabel Almasqué
Setembro, 2023

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Escrito por

Isabel Almasqué, Médica oftalmologista. Ex-Chefe de Serviço de Oftalmologia do Hospital dos Capuchos. Ex-Secretária-geral da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia. Co-autora de vários livros sobre azulejaria portuguesa.

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Últimos Comentários
  • que boa ideia para uma visita! obrigada Isabel por trazeres sempre estes lugares escondidos…