Hoje temos uma história para contar.
Em 2021, vinte e dois anos após a morte de João Freudenthal, pai da Minnie, ela e o Manuel resolveram explorar o conteúdo de várias caixas cheias de cartas, postais, fotografias, passaportes antigos e outras recordações que, desde essa altura, se encontravam cuidadosamente guardadas.
Foi então que descobriram dois contos originais dactilografados, datados de 1985 e assinados por José Cosmelli, cuja identidade desconheciam por completo.
Depois de buscas infrutíferas na internet, decidimos publicar os contos no “deoutramaneira”, esperando que isso nos ajudasse a desvendar a identidade do autor e a razão destes contos estarem no espólio do pai da Minnie.
Qual não foi o nosso espanto quando, há poucas semanas, tendo já perdido a esperança de perceber quem era José Cosmelli, ele nos contactou pessoalmente e nos propôs um encontro.
Fomos almoçar, com ele e com a sua mulher Isabel, à terra onde costumam ficar quando vêm a Portugal: Montemor-O-Novo.
Nunca nos tínhamos visto nem falado mas, entre carne de porco, migas e bom vinho, a conversa fluiu tão naturalmente que o tempo passou sem darmos por isso.
Ficámos a saber que José Cosmelli vive, actualmente, em Malta com a família e que se dedica a proferir conferências e a dirigir seminários por esse mundo fora; ficámos a saber que cursou hotelaria e jornalismo, tendo colaborado em vários jornais e revistas; ficámos a saber que foi Consultor de governos de vários países na área do desenvolvimento e do turismo e que foi Reitor de uma universidade em Miami; ficámos a saber que se dedica à escrita, à fotografia, aos cavalos e a várias causas humanitárias; ficámos a saber que é um homem do mundo e que, afinal, não tem 97 anos; ficámos a saber muito mais coisas que não cabem neste texto mas que tencionamos aprofundar em futuros encontros. Só não ficámos a saber aquilo que procurávamos: o trajecto entre os contos da sua autoria e o espólio do pai da Minnie.
No final do almoço e depois da foto da praxe, José Cosmelli ofereceu-nos o seu livro “Contos de Viagem” que, curiosamente, foi editado em Portugal na mesma data em que publicámos dois dos seus contos no “deoutramaneira”, sem sabermos nada uns dos outros. Mais um mistério por desvendar.
DeOutraManeira
Maio, 2023
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A ribeira do espanto
O jipe parou com um solavanco levantando à nossa volta uma nuvem de poeira. Fôra só de uma escassa centena de metros esta jornada, desde o trapiche do Domingos Santos até aqui. Lá sim, no trapiche, é que eu me entusiasmara e me fartara de tirar fotografias. E fotografei tudo
Eu e o Outro
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manuela carona | 2023-05-15
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Adorei reler este conto.