Talvez possamos aproveitar esta época de Natal

Há cerca de 50 mil anos, distinguimo-nos das criaturas humanas que nos antecederam pela maneira inovadora de dar sentido à informação. Pusemos no palco da vida histórias, não só do que se passava dentro de nós e à nossa volta, mas também histórias inventadas, que começaram por existir apenas na nossa imaginação e que, tantas vezes, se tornaram reais.
Foi desse palco de narrativa que começámos a olhar o passado, tentando compreender os nossos erros para projectar um futuro melhor, sem esses erros, mas sim!…com os nossos melhores sonhos.
Os ingredientes destas histórias sempre foram feitos de ideias, sentimentos, sonhos, desilusões, perdas ou vitórias, que circulavam por palavras e expressões e se cruzavam nos nossos encontros reais ou virtuais.
Mas que ideias circulam agora na televisão, nas escolas, na política, nas conversas às nossas mesas com a família e amigos? São frequentemente sobre o colapso lento de ideias financeiras vertiginosas, o desmistificar duma indústria alimentar perversa, o acordar demasiado lento para o ambiente do Planeta e para uma sociedade desprovida de veículos de virtude.
No entanto, sabemos que é com base naquilo que valorizamos que conseguimos projectar os sonhos e a esperança. E se lá atrás, antes de nos transformarmos nesta Espécie Mental, se dava prioridade à comida, à água e ao sexo, agora, num percalço de evolução, emergiu uma nova espécie, Nós, que valoriza ideias, boas ou más, ao ponto de se autodestruir por elas.
Por isso cabe-nos a todos, cidadãos da Humanidade, contar histórias que inspirem um futuro melhor.
Talvez possamos aproveitar esta época de Natal, de pausa e conexão, para dar um passo para fora do turbilhão dinâmico da modernidade e ganhar novas perspectivas que abram caminhos de esperança. Assim pego nestas palavras, que por aí andam já à solta, como ingredientes de futuros paradigmas e deixo-as invadir os encontros de Natal: Colaboração, Sustentabilidade e Proporcionalidade.

Minnie Freudenthal
Dezembro, 2015

Fotos de Minnie Freudenthal e Manuel Rosário