Todos os dados e previsões apresentados, publicamente, apontam para 2013, como um ano terrível.
Pior que…, ainda se vai agravar mais…, sem alternativa….. e tantas outras exclamações que deixam o espírito, certo do desastre, entregue à laboriosa construção desse futuro lúgubre.
Mas se, desde a infância, construímos o futuro inventando “mundos contrafactuais”, talvez seja bom dedicarmos alguma da nossa energia mental colectiva a imaginar um ano positivo para podermos ter ao nosso alcance um script a que o nosso subconsciente, na sua incessante tarefa de previsão, possa recorrer como enquadramento das nossas tarefas diárias.
Se o futuro é visionado como “o desastre”, para quê levantar-se? Lutar? Fazer projectos? Sofrer agora, para beneficiar depois?
Depois o quê? Depois o quê? Gritam os que emigram, choram os que perdem o emprego, dah..dizem os que não estudam.
Mas que mundo melhor podemos nós imaginar? Que memória de Futuro podemos nós construir?
Em vez de um panorama róseo, imagino a sociedade na sua dimensão de rede, na sua natureza de sistema complexo, um mar imenso interconectado onde escolheríamos inserir algumas ideias, em locais onde a ideia crescesse, de onde a ideia se disseminasse, se infiltrasse na rede e assim, a sociedade evoluísse para um outro estado de maior Humanismo.
Embora a História nos mostre a desilusão de muitos que lutaram contra a sensação de desastre inevitável ou a sentida frustração do confronto com a imensidão do sistema, não deve isto ser desculpa para nos pormos à margem e assim deixar a nossa vida esvaziar-se, demitindo-nos do nosso papel no desenrolar da História. O que sabemos hoje de sistemas, leva-me a acreditar, ainda mais, no papel fundamental de cada um de nós.
Minnie Freudenthal
Janeiro, 2013
Fotos de Minnie Freudenthal e Manuel Rosário