Tsipras sai?
Varoufakis saiu.
E a dívida fica! Para quem? Para o futuro dos Gregos claro! E só há crédito se houver confiança nesse futuro que coitado já leva um pedregulho nos pés.
Sentada na praia a meio de um mês de Agosto que não parece ter descanso politico, leio alto ao meu marido a página 365 do livro “Sapiens – A brief history of Humanity” de Yuval Noha Harari:
“ … these were hardly the only wars fought in the interest of investors (referia-se à Guerra do Ópio 1840-1842 e a á intervenção da Inglaterra no Egipto em 1881)….in 1821 the Greeks rebelled against the Ottoman Empire. The uprising aroused great sympathy in liberal and romantic circles of Britain – Lord Byron, the poet, even went to Greece to fight alongside the insurgents. But London financiers saw an opportunity as well. They proposed to the rebel leaders the issue of a tradable Greek Rebellion Bonds on the London stock exchange, The Greeks would promise to repay the bonds, plus the interest if and when they won their independence. Private investors bought bonds to make a profit, or out of sympathy for the Greek cause, or both. The value of the Greek Rebellion Bonds rose and fell on the London stock exchange in tempo with military successes and failures on the battlefields of Hellas. The Turks gradually gained the upper hand. With a rebel defeat imminent, the bondholders faced the prospect of loosing their trousers. The bondholders’ interest was the national interest, so the British organized an international fleet that, in 1827, sank the main Ottoman flotilla in the Battle of Navarino. After centuries of subjugation Greece was finally free. But freedom came with a huge debt that the new country had no way of repaying. The Greek economy was mortgaged to British creditors for decades to come…”
Levantei a cabeça e olhei o mar. Os peixes não saltavam, as ondas não se enfureciam, o sol continuava a pratear o horizonte. A maré enchia e com ela chegava à praia o lixo, o lixo que o crédito permitiu criar nestes últimos anos de actividade económica.
É que antes de inventarmos a confiança no futuro não havia razão para crédito e o crescimento económico corria à velocidade duma tartaruga.
E agora? O crescimento tornou-se o quê? Aqui da praia tornou-se lixo nos oceanos,lixo na alma de quem ama a terra.
E quanto ao crédito a países como a Grécia, e diria também Portugal, em nada me parece diferente deste relato que Harari faz.
Fotografias de Minnie Freudenthal e Manuel Rosário