O movimento artístico conhecido por Art Nouveau surgiu na Europa nos finais do século XIX. Apesar ter tido uma ascensão muito rápida e de ter durado escassos 25 anos (1885-1910), viria a ter uma influência decisiva na produção artística duma época marcada por profundas mudanças económicas e sociais, relacionadas com a Revolução Industrial.
Principalmente baseado na recusa dos estilos conservadores e académicos e na procura de uma nova linguagem mais do que em bases teóricas muito sólidas, este movimento abriu caminho a novas correntes estéticas e veio desencadear uma mudança de atitude em relação à Arte em geral. Fortemente influenciado pelas teorias do movimento Arts and Crafts, procurou conciliar a produção mecanizada com a qualidade estética dos objectos artesanais, tendo sido, de certo modo, precursor daquilo a que hoje chamamos “design”.
Tendo sido o ponto de encontro de múltiplas influências (simbolismo, movimento Pré-Rafaelita, arte celta, arte gótica, arte oriental, etc.), teve como principais motivos de inspiração os elementos da natureza, tirando partido de tudo o que pudesse sugerir movimento, leveza e liberdade.
A sua gramática estética baseou-se na rejeição da volumetria através da estilização dos desenhos, na valorização da assimetria e na sugestão de ritmo e movimento utilizando linhas sinuosas denominadas linhas em chicotada ou em coup de fouet.
Em Portugal, nos finais do século XIX, os meios culturais estavam ainda pouco receptivos às transformações sociais e às correntes estéticas que tinham dado origem a este movimento e o processo de industrialização encontrava-se ainda muito no início. Por isso, salvo raras excepções, (como é o caso da região de Aveiro) a Arte Nova não teve grande impacte na arquitectura nem na produção artística do nosso País.
Curiosamente, foi na área da azulejaria que a Arte Nova encontrou campo fértil para desenvolver a sua estética e que os pintores de azulejo puderam dar livre curso à sua imaginação criativa.
Em Lisboa, os azulejos Arte Nova decoram centenas de edifícios. Por vezes são pequenos painéis que passam quase despercebidos, outras vezes são decorações mais extensas e exuberantes, de cores vivas e chamativas. Lírios, amores perfeitos, papoilas, nenúfares, girassóis e outros elementos vegetalistas, aparecem frequentemente, representados de maneira estilizada e dispostos ao longo de linhas sinusoidais, numa sugestão de movimento; borboletas, libélulas, pavões, cisnes, patos ou andorinhas, símbolos da liberdade e da leveza do mundo das aves e dos insectos, aparecem também com certa frequência. Mais raras, são as representações da figura feminina, quase sempre envolta em vestes etéreas e esvoaçantes, ou ornamentada de longas cabeleiras ondulantes que se confundem com elementos orgânicos e vegetalistas.
São tatuagens espantosas que decoram a pele de muitos prédios de Lisboa e nas quais quase ninguém repara. E no entanto, estão ao alcance do nosso olhar. Basta levantar o nariz e ver.
Isabel Almasqué e A. J. Barros Veloso
Junho, 2020
Fotos de Isabel Almasqué
Paulo Trancoso | 2020-06-28
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Lindos! Obrigado!
Antonio Agostinho Marques Figueira Chaves | 2020-06-29
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Espectaculares Isabel
Ma. Isabel Rebelo Pinto | 2020-06-29
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Decididamente vou passar a “levantar o nariz” ! Que beleza !
Obrigada
Antonio Perna | 2020-06-29
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Para alem do nariz levantado, olhos bem abertos. Parabens pela iniciativa.
Antonio Perna | 2020-06-29
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Para alem do nariz levantado, olhos bem abertos. Parabens
Eliane Perrin | 2020-06-30
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Merci à Isabel et à A.J.Barros Veloso pour ce bel article. L’Art Nouveau fait partie des grands charmes et de la beauté de Lisbonne. Les photos d’Isabel sont magnifiques. Bravo !
Isabel Almasqué | 2020-07-05
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Agradecemos todos os comentários e esperamos, pelo menos, ter conseguido chamar a atenção para esta área tão original do nosso património. Levantem o nariz mas, atenção, não dêem cabo do pescoço.
Guilhermina Cantinho | 2020-08-03
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Lindos lindos
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Não tinha ideia que ainda se encontrassem estas maravilhas.
Vou estar atenta mas não me parece facil descobrir-los
Parabens aos 2 e um grande beijinho