Até não mais ter medo
Na manhã, rasgo
por fora da camisa
a pele que te separa de mim.
Perdida porque não te reconheço,
mergulho no teu olhar aflito.
Sei que lá estás mas,
às escuras, não te encontro.
Tropeço no medo que me cega,
e aos poucos,
sinto na pele a frescura
do teu choro.
Ali fico.
Ali espero.
Ali reaprendo a respirar,
lavada nas lágrimas da tua dor.
Até não ter mais medo.
Até chegar ao princípio de ti.
Alice Bento
Outubro, 2013
Fotos de Minnie Freudenthal e Manuel Rosário