Chora as tuas lágrimas ácidas sobre meus rios estancados
De longe ouço teu sussurrar
Despido das vozes dos pássaros
Ou do silêncio dos espaços.
Apuro o meu ouvido e sinto na boca do estômago
A tensão metálica
A tensão explosiva
Da armadura que te abafa.
Nela o homem sem raízes perde a compaixão.
Sem ela somos bichos sem alma
Matamos ao som da explosão
Ao ritmo do desespero da solidão.
Abraço-te terra na madrugada da tua beleza
Não estás só!
Também eu choro contigo o abismo
O possível retrocesso da Humanidade.
Alice Bento
Outubro, 2015
Fotos de Minnie Freudenthal e Manuel Rosário