Há boas notícias da voz da neurociência: as extraordinárias células do nosso cérebro mantêm a capacidade de neuroplasticidade até o nosso pulsar central se desligar! E porque são boas notícias?
Luísa Taveira, Directora da Companhia Maior, lembra a frase de Woody Allen “viver muitos anos é maravilhoso, mas envelhecer é de evitar”. Mas o que a ciência nos diz é que de facto podemos aprender, com sorte, a evitar o envelhecimento tal como o conhecíamos até à modernidade. E sem me querer debruçar sobre a manutenção mecânica e química do nosso corpo, não posso deixar de sublinhar que esta vertente é essencial à manutenção da tal neuroplasticidade. Tudo o que fazemos com o nosso corpo influencia a estrutura anatómica e fisiologia da Mente.
Mas afinal o que é isso da neuroplasticidade? Como dizem as palavras, os nossos neurónios moldam-se, arranjam-se, dançam, entrelaçam-se, abraçam-se entre eles num pulsar constante e sempre em resposta às nossas interacções com o meio ambiente, quer sejam de carácter profissional, emocional, alimentar, artístico, físico ou qualquer outra dimensão pessoal ou colectiva.
Começamos todos com um número mais ou menos semelhante de neurónios mas o que nos torna seres únicos são as conexões que durante a vida de cada um de nós se fazem entre as células do nosso cérebro. Embora os anos possam trazer menos elasticidade musculoesquelética, no entanto, a nível cerebral os anos trazem mais complexidade a esta extraordinária rede cerebral o que dá profundidade e referências diversas à nossa mente.
Assim, é na idade maior que temos mais capacidade em discernir a natureza da realidade olhando para lá da aparência das coisas e em usar este conhecimento mais sábio como motor das nossas acções.
No passado, a idade maior era um grupo etário em minoria, mas no futuro este grupo maioritário deve reverter esta sabedoria para a sociedade a que pertence, ajudando a rede social a criar conexões, tal como na nossa mente, baseadas em mais sabedoria e menos imediatismo.
Bob Dylan já dizia: “quem não está ocupado a renascer está ocupado a morrer…” e agora que sabemos que a base estrutural da nossa mente nos oferece qualidades de plasticidade infinitas acredito que a idade maior se encontra privilegiada pela riqueza armazenada no seu cérebro para explorar o desconhecido e tornar a vida uma Arte, já que, como diz Jonah Lehrer : .”a Arte ensina-nos a Viver com o mistério….Quando nos aventuramos para lá dos limites do nosso conhecimento, tudo o que temos é Arte.
Minnie Freudenthal
Dezembro, 2011
VER MAIS
Sobre a Companhia Maior
Video da autoria de Miguel Mendes, com material recolhido durante os ensaios e espectáculo MAIOR , de Clara Andermatt e Companhia Maior, no Centro Cultural de Belém.
Entrevistas feitas por Minnie Freudenthal