Terei tempo de dizer
não o que foi
mas o que é
e que eu ainda queria?
Um tempo tão controverso
em situação tão adversa
a tudo o que possa pensar
perder tempo a desejar
sei que é um tempo perdido
e quem deseja perder
o que já não faz sentido?
Desejar é um castigo
falemos então verdade
passou esse tempo antigo
a nossa porta fechou-se
o tempo é nosso inimigo
está lá por trás escondido
com a sua foice fatal
que por enquanto não vemos
numa cegueira adiada
mas terá o seu momento
outrora não era esse
o tempo que nos cabia
podíamos sonhar um outro
novo ano novo dia
campo dourado de trigo
pão da vida sorridente
mas será que sobra tempo
e direi o que queria?
Que o trigo já foi ceifado
e o bom pão já foi comido…
Yvette Centeno
Janeiro, 2022
Foto de Manuel Rosário
Helena de Gubernatis | 2022-03-20
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Querida Yvette, Tenho andado arredia e, hélas, arredada desta comunidade saborosa de ideias e partilhas, pelo que só hoje li este seu poema: belíssimo e límpido, certeiro sempre! Beijo grato da Helena