E se ela se levantasse daquele colchão de seda? Aliviasse, assim, nas almofadas, as rugas suaves do peso do seu corpo, lento, numa tarde quente do verão de Roma.
Há quanto tempo aí parada a olhar-nos…
Que vês tu? Talvez sempre os mesmos medos, raivas, tristezas ou alegrias que por ti desfilam ao longo dos séculos. De certo vês tu nos nossos olhos o desejo de te tocar, de te confirmar pedra ou carne viva!
Terias tu acabado de amar ou esperavas amor?
E aí, nessa tua intimidade, que dizes das nossas roupas, dos nossos adornos e dos objectos que nos entretêm as mãos para o corpo não voltarem?
Tu também viajaste de longe. Tu também como nós és turista dum futuro que emerge entre os dedos das nossas mãos estendidas.
Pauline, não te levantes, deixa-te ficar para mais uma vez te olhar.
Minnie Freudenthal
Julho, 2016
Fotografias de Minnie Freudenthal e Manuel Rosário