Deixamo-nos envolver pela exuberância decorativa desta arquitectura ondulante sem arestas nem linhas rectas.
Ao raiar do sol, as pequenas casas do Parque Guell, com portas coloridas e chaminés em forma de “chupa-chupa” lembram os contos de fadas e duendes da nossa infância. Mas pouco a pouco, a luz da manhã vai despertando o brilho e os reflexos multicolores dos puzzles de cerâmica que surgem nos locais mais inesperados, transformando o Parque num espaço de absoluta magia.
Os olhos rasgados das varandas da casa Batlló anunciam as formas orgânicas do seu interior, onde sobressai um enorme corrimão em forma de coluna vertebral. Sentimo-nos rodeados pelas esculturas de cerâmica cujos matizes e reflexos se prolongam nos jogos de luz provenientes da grande clarabóia e dos vitrais multicolores. Estamos dentro de um caleidoscópio gigante.
A Casa Vicens, primeira grande obra de Gaudí, quando tinha apenas 26 anos, é uma verdadeira orgia decorativa de inspiração naturalista. Não há espaços vazios. Os azulejos com motivos vegetalistas, as heras pintadas que amarinham pelas paredes, as aves que rodeiam os vãos das janelas e a exuberante decoração relevada dos tectos, são um autêntico hino à natureza.
A Basílica da Sagrada Família, em permanente construção desde 1883 e sempre inacabada, faz a síntese perfeita entre os valores que marcaram toda a obra de Gaudí: a veneração pela natureza, seu principal motivo de inspiração e a sua profunda religiosidade. Tudo aqui tem um carácter simbólico e remete para a história do cristianismo. Cada detalhe tem um significado. É impossível descrever esta explosão de criatividade. É o esplendor simultâneo do caos e da ordem.
Para ver e rever.
Isabel Almasqué
Janeiro, 2020
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Maria Trindade Marques | 2020-01-08
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Que encanto rever Gaudi e Barcelona nestas imagens!
Grata