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Douradores

O edifício foi construído entre 1808 e 1834 no gaveto do quarteirão da rua dos Douradores e a rua de Santa Justa e apresenta uma volumetria de 7 pisos acima do solo, sendo que os últimos 2 pisos acima da linha de cornija são acrescentos realizados à construção original.

No seu troço nascente, a rua de Santa Justa, transforma-se num largo onde crescem 8 tílias configurando um espaço público arborizado único na Baixa Pombalina.

Em 2016 quando se iniciou o projeto de reabilitação o edifício encontrava-se praticamente devoluto. Os três apartamentos com moradores eram habitados em condições totalmente precárias. As infraestruturas de águas e eletricidade, que não existiam no edifício original, estavam em total degradação.

As condições estruturais do edifício estavam bastante fragilizadas devido à demolição de paredes resistentes no piso térreo. Estas demolições provocaram o abatimento dos pavimentos de todos os apartamentos criando desníveis que em alguns compartimentos atingiam 20 cm.

O objetivo da intervenção foi reabilitar o edifício na totalidade, melhorar a acessibilidade introduzindo um elevador e transformar a tipologia de 2 apartamentos por piso em três apartamentos por piso.

A obras foram feitas em duas fases.

A primeira fase das obras do edifício iniciou-se em 2017 com o objetivo de corrigir as suas deficiências estruturais, reabilitar a cobertura e uma das lojas do piso térreo.

Com a conclusão da primeira fase as obras pararam durante seis meses.

Nesse interregno, para além das sondagens estruturais, solicitaram-se sondagens ao nível dos frescos e pinturas parietais e de tetos. Procurou-se entender a relevância dos vestígios dos frescos e pinturas postos a descoberto no decorrer das obras da primeira fase.

As sondagens parietais vieram a confirmar a existência de sucessivas camadas de frescos e pinturas a óleo em todos os apartamentos do edifício

Ficou nessa altura evidente que os frescos escondidos durante décadas por detrás das sucessivas camadas pinturas deveriam ser mantidos e revelados e que a sua preservação era uma das questões mais relevantes de todo o projeto.

Todo o projeto de execução já desenvolvido teve de ser reajustado para impedir qualquer roço nas paredes tal como acontece numa obra convencional. Procuram-se novos caminhos para as infraestruturas nos tetos e nos pavimentos.

Decidiu-se também não proceder ao restauro dos frescos nem hierarquizar as diferentes campanhas. Optou-se por deixar os vestígios sobrepostos, incompletos, com falhas. Procurou-se expor a complexidade do edifício revelando a multiplicidade das suas transformações ao longo do tempo.

José Adrião
Setembro, 2021

No dia 6 de Novembro de 2024 foi atribuído o Prémio Valmor ao edifício Douradores, na Baixa Pombalina, Rua dos Douradores, nº186.

Douradores

Documentário de Minnie Freudenthal e Manuel Rosário

O documentário Douradores (71 min), de Minnie Freudenthal e Manuel Rosário (que acompanharam, durante dois anos, a obra de reabilitação do edifício da Baixa Pombalina, Rua dos Douradores, nº186), estreou na exposição “Em casa – Projetos para Habitação Contemporânea”, no dia 5 de Setembro de 2021, na Garagem Sul do CCB.

Quem não teve oportunidade de ir ao CCB, pode vê-lo, aqui!

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Escrito por

Lisboa, 1965. Licenciado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (1991), Mestrado pela Universidade Politécnica da Catalunha no programa Metropolis (2002). Docente no Departamento de Arquitectura na Universidade Autónoma de Lisboa (desde 2001). Entre 2005 e 2009, foi codirector do JA – Jornal Arquitectos. Em 1996, forma JAPP Arquitectos com Pedro Pacheco. Em 2002, inicia JAA, José Adrião Arquitectos.

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Últimos Comentários
  • Projecto e trabalho maravilhoso!
    Obrigada por nos ser dado a conhecer.