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A evolução dos transportes urbanos em Nova Iorque (1850-1890)

Uma das cadeiras mais interessantes que fiz, no programa de doutoramento nos EUA foi “Planning Theory and Perspectives”. O professor, Larry Mann, estava no seu primeiro semestre na Universidade do Arizona, vindo da Harvard School of Business e os alunos eram um grupo muito diversificado, com gente da área dos Recursos Naturais (como eu), mas também de Geografia, Economia, Arquitectura, etc.

Ainda à boa maneira da Harvard School of Business, a cadeira era leccionada através de “case studies”, que cobriam uma gama de tópicos assustadoramente variada: protecção de um ecossistema sensível na New England, planeamento urbano no Panamá, o processo de elaboração do orçamento estadual no Kansas (ou no Nebraska, ou lá onde era…), o planeamento como processo psicológico e coisas no género.

Claro que planear é uma tentativa de controlar o futuro o que, em boa medida, implica a capacidade de o prever, antecipar. A maneira mais comum de fazer isto é a extrapolação no tempo de tendências observáveis no presente, sejam elas ambientais, demográficas, tecnológicas ou outras. A maior desvantagem desta abordagem é a sua incapacidade de incorporar surpresas, inovações inesperadas. Um dia, para ilustrar este ponto, o Larry Mann contou-nos que, em meados do século XIX o município de Nova Iorque promoveu um conjunto de reuniões para tentar identificar o que viriam a ser os grandes problemas da cidade um século mais tarde. Os planeadores urbanos da época lá fizeram as suas projecções demográficas, de expansão da área urbana, de localização de novas indústrias e das implicações que esses processos iriam ter sobre a rede de transportes urbanos. E concluiram que, por volta de 1950, a cidade de Nova Iorque teria um seriíssimo problema de como se desfazer das gigantescas quantidades de bosta de cavalo que essa expansão da rede de transportes urbanos iria, sem dúvida, produzir. É esta a minha reflexão sobre o futuro.

José Miguel Pereira
Lisboa, 2011

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Escrito por

José Miguel Pereira, Engenheiro Florestal e Prof. Catedrático do I.S. Agronomia. M.L.A. e Ph.D em Gestão de Recursos Natuais Renováveis pela Univ. do Arizona. Investigação sobre ecologia do fogo e protecção florestal, em Portugal e à escala global, usando imagens recolhidas por satélites de observação da Terra. Ex-coordenador científico do Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios.

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