Quando bem pequenas, a mãe nos sentava a bordar flores que ela desenhava a lápis em pequenos panos, das mãos da minha irmã saiam trabalhos perfeitos! Das minhas, após alguns incentivos carinhosos (desmancha e tenta de novo, vais ver que ficará melhor!), lá surgiam as flores coloridas, sem grande perfeição…
Mais tarde, vi as mãos da minha irmã a criarem materiais pedagógicos para apoio às aulas (é uma extraordinária professora, com um mérito tantas vezes reconhecido!!), a desafiarem-se na pintura cerâmica, a criarem os presentes de Natal para a família e a explorar a difícil arte de tocar piano.
Mãos inquietas, artistas, sem o saberem ou sem o reconhecerem.
A pandemia e o confinamento trouxeram uma outra vida às mãos da minha irmã: há meses que cria vestidos para meninas institucionalizadas, para que estas se sintam princesas sempre que os vestem!
A ideia surgiu quando olhou para um tecido bonito, que tinha no fundo de uma gaveta a aguardar ganhar vida e esta visão se juntou ao desejo de fazer algo de útil pelos outros, mesmo estando em casa.
Primeiro, com uma máquina de costura emprestada (as mãos da minha irmã queriam experimentar, tatear esta nova arte…), tecidos recolhidos por diversas formas e moldes simples, surgiram os primeiros “mimos”!
Às bolinhas, às riscas ou às flores, o importante é serem lindos, novos, feitos por mãos de amor que, quando costuram, imaginam quem os vai vestir. E ali nada se perde: um pequeno resto de um tecido faz um bolso ou um laço cozido à cintura.
Com o trabalho a ganhar forma, outras mãos se têm vindo a juntar: umas mãos são mais habilidosas a fazer “casas” para os botões, outras criam rendas que embelezam os vestidos, outras mãos criam conexões com as instituições, qual exército de duendes ajudantes do Pai Natal!
São já cerca de 200 os vestidinhos criados e que seguem o seu caminho para criarem “Sonhos de Princesas”.
As mãos da minha irmã nasceram para fazer coisas “grandes”!
Isabel Viegas
Outubro, 2021
Fotos de Isabel Viegas