Comecei o meu ofício com aparo de tinteiro. Gostei logo do arrepanhar do papel e dos borrões em azul Klein. Cresci com bolinhas de esfera a deslizar em papel macio. A seguir expus-me em papéis que se chamavam linguados. A curiosidade resolvia-se com substantivos e verbos nos Jornais.
Passei depois a tintas em tank com Marcas na couraça. Era já a Publicidade num bombardeamento de adjectivos e louvores a lixívias e a cambotas.
Circulou-me sempre no mecanismo a intransigência com o Bom. Medíocres só as notas que soavam em tempos nas Ciências. Este foi sempre o meu propósito, nunca saberei se atingido. Hoje tenho saudades do cheiro da tinta e do papel em carne viva e da alma das pessoas a escorrer nas letras manuscritas. Estou farta de ser caneta.