Em casa, nas ruas, em festas ou mesmo em viagens, somos seduzidos pelas cores, cheiros ou até pela bonita apresentação de uma mesa com boa comida. Comemos para ter energia, por prazer, para nos encontrarmos diariamente à volta de uma mesa com a nossa família ou amigos, para celebrar ocasiões especiais e até para socializarmos com as pessoas com quem trabalhamos. Mas de facto comemos, e comemos todos os dias e várias vezes ao dia!
O que comemos é primeiro digerido pelo nosso organismo em nutrientes que utilizamos para manter a nossa vida. A composição dos alimentos é fundamental para a nossa saúde física e mental. Só recentemente é que estudos científicos começaram a explicar a ligação entre certos nutrientes e a saúde ou a doença.
Na última vez que fui a Londres, dirigi-me à Foyles, uma enorme livraria, onde perguntei pela secção de nutrição. Até eu que sou médica fiquei confusa! Estantes e estantes de livros, escritos por médicos, nutricionistas e outros, cada um com a dieta perfeita!
A perspetiva médica da nutrição baseia-se na fisiologia e bioquímica, como poderão todos estes livros e dietas ser baseados em estudos científicos? Será isto uma questão importante? Como escolher?
Ao ler recentemente um livro sobre história da medicina lembrei-me do tempo em que os Gregos se iniciavam nos princípios da medicina ocidental. Vivia-se então, um ambiente de relativa liberdade, e qualquer um podia escrever a sua opinião médica. Também certamente uma época muito prolífica!
Os que se intitulavam de médicos (iatroi) tinham que concorrer com bone-setters, root-cutters, gymnasts, exorcistas, artistas e outros. A medicina estava aberta a todos. Mais tarde, em Roma, até podia ser exercida por escravos. Mas quem arbitrava tudo isto?
Concluí que a maneira mais sensata de proceder, como em outros tempos confusos, era seguir o princípio de back to basics.
Mas os princípios básicos da nutrição raramente são o que as pessoas julgam ser uma dieta saudável. Por vezes dizem-me: “eu tenho uma dieta muito saudável, como sempre carne ou peixe, cozido ou grelhado, com vegetais e sem arroz, batatas ou, mesmo grão e feijão “. Onde terão aprendido isto, pergunto-me? Certamente que não são livros baseados em ciência ocidental.
Existem outras fontes tradicionais de conhecimento, como por exemplo a medicina Ayurvedica do Sul da India onde os alimentos são recomendados de acordo com o tipo de corpo e personalidade. Muito provavelmente estes conselhos não são antagónicos mas complementares dos nossos conhecimentos.
A ideia é de que se use de temperança nas nossas escolhas. Lembre-se que um bom regime alimentar deve durar uma vida. A nossa rotina tem que ser saudável, assim temos espaço para festejar ocasiões especiais com criatividade e prazer.
Minnie Freudenthal
Março, 2014




Fotos de Minnie Freudenthal e Manuel Rosário