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Arte Românica

Arte Românica no Museu Nacional d’Art de Catalunya

Com a queda do império romano no século V a Europa mergulhou num período de desagregação donde só começou a recuperar no século XI. Só nessa altura os progressos da agricultura permitiram um crescimento da população e aumento das trocas comerciais. Associada com a maior prosperidade houve uma grande expansão das ordens religiosas e foram construídas inúmeras igrejas. Arte Românica foi um termo inventado por William Gunn para designar a arte religiosa medieval europeia entre finais do século X e metade do século XII.
Um dos centros mais notáveis deste movimento foram os Pirenéus da Catalunha. A decoração do interior das igrejas era riquíssima com frescos de cores fortes que cobriam integralmente as paredes. Personagens com os olhos bem marcados que parecem fitar-nos e cenas de violência extrema são abundantes…Embora nos pareça mergulhar numa banda desenhada o intuito no fundo era didático. Como a maioria das pessoas não sabia ler, o conhecimento das escrituras baseava-se unicamente na transmissão oral e no dizer de São Boaventura “…. they were introduced on account of the transitory nature of memory, because those things which are only heard fall into oblivion more easily than those things which are seen…”.
Sem dúvida a colecção mais espectacular de arte românica está no Museu Nacional D’Art de Catalunya.
A história da instalação dos murais no museu mais parece uma aventura do Indiana Jones.
Em 1919 por puro acaso descobriu-se que os frescos da igreja de Santa Maria de Mur tinham sido vendidos pelo pároco e estavam a ser retirados da igreja (estão hoje num dos grandes museus de Boston). O autor desta operação foi Luis Plandiura um coleccionador que ganhou imenso dinheiro no processo.
A opinião publica catalã ficou indignada com este assalto ao património mas dado que a venda era tecnicamente legal nada pode ser feito para impedir a exportação das obras.
Joaquim Folch i Torres, o director do Museu Nacional D’Art de Catalunya liderou um arrojado movimento relâmpago para preservação do que restava dos frescos na região.
Muito pragmaticamente contratou de imediato Franco Steffanoni e Arturo Cividini, os restauradores italianos envolvidos no triste episódio de Santa Maria de Mur… e cerca de quatro anos depois tinham sido recolhidos e preservados todos os murais mais importantes da Catalunha…
O arranjo das enormes peças no museu é espectacular e a neutralidade da arquitectura faz sobressair ainda mais a energia dos frescos.
O site do museu está muito bem feito e mostra em detalhe a técnica do “strappo” usada na remoção e preservação dos frescos
O romance “Strappo” do jornalista MartÍ Gironell conta em detalhe todos estes incidentes.

O site do museu está muito bem feito e mostra em detalhe a técnica do “strappo” usada na remoção e preservação dos frescos.

 

Manuel Rosário
Maio, 2017

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Nacional d’ Art de Catalunya

Fotografias de Minnie Freudenthal e Manuel Rosário

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Escrito por

Médico Gastroenterologista, nasceu em Lisboa em 1951. Fez o curso de Medicina na Faculdade de Medicina de Lourenço Marques e Faculdade de Medicina de Lisboa. Fez a especialidade no Harlem Hospital em Nova Iorque. Vive em Lisboa desde 1986.

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